terça-feira, 24 de outubro de 2023

Viver Consciente - Livre Pensar - Despertar espiritual - breve reflexão...

quinta-feira, 9 de março de 2023

AUTOESTIMA ESSENCIAL

domingo, 5 de maio de 2019

O AFETO QUE VOCÊ MERECE


Em situação normal, quando no útero materno, é provável que nos sintamos tranquilos, protegidos e bem nutridos emocionalmente. A partir do nascimento é que a luta pela vida, pelo afeto que nos falta, pode nos amedrontar, mas, se continuamos a receber amor, carinho e a atenção que necessitamos tudo continua bem.

A necessidade de estímulos positivos, de carícias, é própria do ser humano, sem eles tornamo-nos carentes e a nossa existência torna-se uma incessante busca daquilo que chamamos de “paraíso perdido”. E é nessa procura que, às vezes, agindo cegamente e sem orientação, muitos se perdem. Alguns ainda na infância ou na adolescência, outros na idade adulta, já que a falta afetiva contribui em muito para a baixa autoestima e, consequentemente, para escolhas inadequadas.

Em palestras, há quase três décadas, tenho dito o quanto seria importante se os pais, antes de gerarem filhos, passassem por um processo de aprendizado para entender a importância da afetividade na vida da criança que vai nascer. Para compreenderem que assim como a nutrição alimentar é fundamental para o crescimento da criança, a nutrição emocional é essencial para o seu desenvolvimento saudável e equilibrado.

É inegável que pais despreparados para bem educar seus filhos acabam por definir, mesmo que inconscientemente, um modelo vivencial pobre em autoestima para eles. Resultando daí que muitos deles, quando adultos, enfrentarão maiores dificuldades para obter satisfação em suas vidas. Por não terem sido habituados a receber estímulos afetivos positivos, eles provavelmente terão limitações para cuidar melhor deles mesmos, além do que lhes faltarão entusiasmo e autoconfiança para sentirem-se capazes de viver com maior autonomia e assertividade.

Partindo do princípio que a afetividade é o combustível que alimenta a autoestima, vale lembrar que, mesmo que alguém não tenha recebido satisfatoriamente os afetos que precisava e merecia, sempre haverá a possibilidade de recompor o seu próprio modelo afetivo. Para isso, é fundamental começar por melhorar a relação consigo próprio, dando maior atenção às suas qualidades, competências e, principalmente, melhorando o valor que dá a si mesmo.

Tudo tende a mudar quando nos sentimos responsáveis pela nossa nutrição afetiva, quando aprimoramos o cuidado com tudo que diga respeito ao equilíbrio da nossa existência. Um padrão rico em afetividade pode ser construído pouco a pouco, a todo instante, dia após dia. A consciência de que somos merecedores do melhor, amplia nossa capacidade de nos reconhecermos competentes perante os desafios e vencê-los.

Willes S. Geaquinto
                                                                              Psicoterapeuta
                                                                              Willesterapeuta@bol.com.br

quarta-feira, 22 de março de 2017

O Vício da comparação

 O Vício da comparação


https://www.youtube.com/watch?v=4tIn6WmxTaU&t=107s

O vício da comparação



3. Jogo comparativo
Como já comentei no capítulo sobre a rejeição parental, o uso da comparação é um procedimento danoso à autoestima. Mesmo assim, não é incomum encontrarmos pais e professores, principalmente, que – através da comparação com outrem –, busquem fazer com que a criança atenda às suas expectativas de aprendizado, sejam elas comportamentais ou não. No âmbito da família, por exemplo, vemos, muitas vezes, pais comparando um irmão com o outro, ou com o filho de algum parente ou amigo mais próximo.
Eis alguns exemplos de falas usadas, comumente, quando da prática desse infeliz modelo:
— Seu irmão, sim, é que é inteligente.
— Aquele, ali, é um doce; este, aqui, é um traste.
— Você deveria ser como seu primo: obediente, estudioso...
 — Esse, aí, puxou o pai.
— Aquela, ali, é igualzinha à mãe.
 — Você devia seguir o exemplo do seu colega, ele faz tudo para agradar aos pais.
Estas são, apenas, algumas das inúmeras falas negativas e usuais no processo comparativo, dado que elas apenas se diferenciam na forma, sendo o conteúdo manipulativo sempre o mesmo.
Na família, principalmente, essa abordagem, comparativa, além da ideia falsa de ser estimulante, é pródiga em criar sentimentos de rejeição, raiva e rebeldia naquele que é comparado como inferior, pois o entendimento é de que os pais gostam menos dele do que daquele com o qual é comparado. Por outro lado, aquele que é comparado, positivamente, pode, por medo da rejeição, vir a desenvolver atitudes compulsivas de obediência cega, e criar para si a ideia de que, para não desapontar seus pais ou substitutos, ele tem que ser perfeito e seguir, sempre, os mandatos deles. Vale destacar que estas e outras repercussões vão além da infância ou adolescência. Vejamos, na prática, como isso pode funcionar, em termos de rejeição:
Marta, aos 45 anos de idade, veio para terapia por sentir-se deprimida e, segundo ela, por não ver sentido em sua vida. Apesar de relutante, ela foi narrando alguns acontecimentos da sua vida pregressa: o fim do seu casamento, as dificuldades com os filhos, a raiva do ex-marido, seus medos, a dificuldade de entrega no novo relacionamento e o acomodamento, geral, da sua vida.
Falava alto, sempre demonstrando irritação e uma revolta muito grande, praticamente, com tudo. Aos poucos, apesar de não entregar-se, totalmente, à prática respiratória do Renascimento, ela foi se soltando, mas sempre que eu perguntava-lhe sobre o relacionamento com a sua mãe ela a elogiava, vagamente, e referia-se à admiração que os outros tinham por ela. Tudo transcorria muito lentamente, até o dia em que ela passou a falar da sua irmã que, a julgar por sua narrativa, era o exemplo de sucesso da família, bem casada, com uma boa profissão, filhos etc.
Em determinada sessão, perguntei-lhe, repentinamente:
— Você não acha que sua insegurança é proveniente das comparações que a sua mãe fazia de você, em relação a sua irmã?
  Ao dizer-lhe isso, foi como se houvesse aberto as comportas de uma grande represa, ela chorou, convulsivamente, por mais de dez minutos. E, aí, começou a falar como se sentia, realmente, diante das desqualificações que sofria da mãe e do pai (já falecido à época da terapia) que, até então, não havia sido mencionado diretamente nas sessões.
Aconteceu algo como se ela tivesse voltado no tempo. Vieram à tona os sentimentos recalcados de rejeição e de desaprovação dos pais, o que rendeu mais algumas sessões, somente sobre esse assunto, ficando claro que se casara à revelia dos pais, por pura rebeldia, para atingi-los, e não porque desejasse fazê-lo, conscientemente. Enfim, toda a sua insegurança, mais o complexo de inferioridade e, sobre maneira, a sua baixa autoestima, estavam relacionados à prática da comparação levada a efeito pelos seus pais.
Na sequência do seu processo terapêutico, depois de muito esforço e tempo, venceu o medo e conseguiu conversar com sua mãe a respeito das comparações. Falou das suas angústias e raivas e de tudo quanto sofrera devido a elas. Segundo ela, foram momentos difíceis e bastante emocionais de pedidos de perdão, de ambas as partes: da mãe, pelo tratamento inadequado dado a ela, e, da sua parte, pela raiva e outros sentimentos de igual teor, acumulados. Mesmo assim, por mais difícil que tenha sido ela conseguiu se reparentalizar com a mãe, que era a parte mais entranhada daquela infeliz simbiose. No que se referia ao pai (já falecido), ela reconciliou-se com ele, através de uma prática de perdão. A reparentalização é, também, uma espécie de reconciliação que, se levada a bom termo, consegue dissolver a influência de certos traumas, oriundos das relações familiares.
Vale acrescentar que o exemplo acima foi, apenas, um lado da história, de educar os filhos comparando-os: o lado de quem foi comparado como inferior. Porém, me foi dado saber que aquela irmã, que fora comparada como a “mais certinha” e superior, também estava “pagando caro” pelo estigma da comparação, uma vez que na mesma época em que a irmã estava em terapia, ela também estava vivendo de modo desconfortável, depressiva e com um casamento à beira da falência. Só que, por morar em outra localidade, escondia a situação, já que temia revelar aos familiares e, principalmente à mãe, que ela não era assim, digamos, tão perfeita. Pode parecer bastante dramática esta situação, mas, não muito diferente de outras tantas, que já chegaram ao meu conhecimento por meio de clientes de terapia ou de narrativas em workshops e palestras.
No que diz respeito à educação escolar, muitas vezes, professores mal preparados também se utilizam do expediente de compararem um aluno com o outro, pensando estarem motivando aquele com maiores dificuldades de aprendizado ou com alguns desvios comportamentais. Puro engano, pensar que isso é saudável, pedagogicamente, pelo contrário, esse hábito só aprofunda e posterga a solução do problema. Ninguém, conscientemente, gosta de ser comparado a outrem, principalmente quando se é colocado em situação de inferioridade. Nenhuma autoestima se alimenta, positivamente, dessa prática. 

Auto estima é essencial I





“Confiar nas próprias ideias e saber-se
 merecedor da felicidade é a essência da autoestima”
Nathaniel Branden[1]

É comum pessoas avaliarem sua autoestima, ou a dos outros, por aspectos meramente aparentes, como a posse de bens materiais, poder, aparência física, dotes intelectuais, etc. O que é um grande equívoco, uma vez que a autoestima por ser um fenômeno interno, íntimo e, às vezes, inconsciente, só se torna visível quando se observa o comportamento do indivíduo, os valores que pratica ou a qualidade das suas escolhas. Por exemplo, indivíduos com baixa autoestima costumam perpetrar atitudes autodestrutivas, se autodesvalorizar, desqualificar os outros, fazer críticas destrutivas ou fofocas, cometer ações imorais, Ilícitas ou antiéticas.
Entre as prováveis causas ou pré-disposições da baixa autoestima estão o trauma do nascimento, a rejeição parental (provocada pelos pais ou seus substitutos), o modo negativo de educação e o desejo inconsciente de morte. Esta última, por exemplo, faz-se presente quando a pessoa pratica constantemente ações autodestrutivas pondo em risco sua própria vida.
Partindo dessas premissas, vê-se que a autoestima é algo muito mais profundo e sério, indo além da superficialidade com que às vezes é tratada pela mídia em geral que, por exemplo, banalizam o assunto visando estimular o consumismo, associando-a ao ato de possuir este ou aquele bem material. Até mesmo alguns livros de autoajuda propõem fórmulas miraculosas ao tratar do tema. Porém, pecam pela subjetividade e pela falta de conteúdo das suas fórmulas, às vezes, apresentadas como “mágicas” para aumentar a autoestima.
Então, eis a questão: Como transformar a autoestima? Em síntese pode-se dizer o óbvio, é necessário mudanças de hábitos ou posturas, tanto mentais como práticas. Porém, importa saber que isso só se tornará possível quando houver da parte de quem deseja mudar, uma sincera e profunda motivação para investir na qualidade das suas escolhas em todas as dimensões da sua vida.
Entre os passos para realizar esta tarefa com sucesso, destacam-se:
    Autoconhecimento – Ato de voltar-se para o conhecimento de si mesmo, visando despertar interiormente suas qualidades e entender os seus limites e deficiências como desafios a serem vencidos através de ações afirmativas; através do autoconhecimento é possível adquirir autoconsciência, o que significa ter uma visão racional de si mesmo;
    Autovalorização – Aprimorar o conceito de valor que dá a si mesmo;
    Autoconfiança – Aumentar o grau de confiança em si mesmo alimentando sua competência pessoal;
    Autorrespeito – Respeitar seus valores, convicções e desejos. Ser autoafirmativo e autêntico;
    Viver conscientemente – Desenvolver a compreensão de que é merecedor do melhor e tornar suas escolhas conscientes;
    Ajuda qualificada – Ao perceber dificuldades na busca por melhorar sua autoestima, ao invés de sentir pena de si mesmo, a melhor opção é buscar ajuda...
Vale lembrar ainda que ao agir positivamente a seu favor, você estará contribuindo essencialmente para que o amor que tem por si mesmo potencialize suas habilidades para obter equilíbrio existencial.


[1]  Nathaniel Branden, americano, psicoterapeuta e escritor, conhecido por seu trabalho na psicologia da autoestima. É autor de diversos livros sobre autoestima, entre estes, Autoestima – como aprender a gostar de si mesmo, publicado pela Editora Saraiva.